segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Higienização Masculina


Entrevista concedida a revista Hadar (Tatuí)
1) Qual é o modo correto para a higienização do órgão genital masculino?

A higienização dos órgão genitais externos masculinos é simples, embora problemas relacionados ao acúmulo de resíduos e secreções são freqüentes em consultórios de urologia geral e urologia pediátrica. De um modo geral, não há dificuldades 
em relação a COMO realizar a higiene, sendo as conseqüências da má higienização associadas principalmente a não realização da mesma, por indisposição ou falta de atenção a isso. O uso de sabonete neutro durante o banho, sempre associado a retração do prepúcio (pele que cobre o penis), é suficiente para a limpeza do genital masculino. Não é necessário o uso de sabonetes líquidos íntimos ou sabões de outro uso (sabão de coco, sabão em pedra).

2) Os meninos correm algum tipo de risco se tirar todos os pelos pubianos? Que riscos são esses?

Não é recomendado a retirada total dos pelos pubianos, pois isso aumenta a chance de infecções na pele ao redor da genitália, devido as fissuras provocadas pela depilação, geralmente realizada pela própria pessoa. Recomenda-se apenas aparar (cortar mais curto) os pelos pubianos, pois isso permite higienizar a região com mais facilidade.

3) O que pode acontecer se os meninos não secarem corretamente o órgão genital?

Após a higiene, os órgãos genitais devem ser secados com rigor, para evitar proliferação de germes, principalmente fungos. O mesmo cuidado deve ser tomado com outras partes do corpo, por exemplo, entre os dedos dos pés.

4) Existe alguns vídeos na internet, que mostram certas infecções, que levaram a juntar “corós” no pênis, é possível isso acontecer por falta de higienização? Qual seria o nome dessa infecção e é realmente coró que fica no pênis?

A falta de higiene proporciona o crescimento de microorganismos e conseqüentes infecções na genitália, sendo os fungos (candidíase) os principais responsáveis. Outros tipos de infecções são mais associados a transmissão sexual e, portanto, não relacionadas a má higiene. Os “corós”, popularmente, se referem a larvas que ocorrem em outras regiões do corpo e são associados a precariedade de higiene, mas não são vistos habitualmente na região genital.

Em crianças, a infecção por bactérias é mais comum, causando uma condição chamada balanopostite, associada a falta de higiene. As vezes a criança não tem condições de retrair a pele do penis (prepúcio) por possuir fimose (doença que impede a retração do prepúcio). A maioria destas crianças não terá infecção, tendo a fimose resolvida com o tempo, enquanto outras necessitarão de cirurgia por ter infecções repetidas.

5) Meu filho tem fimose e eventualmente aparecem uma bolinhas brancas por baixo da pele do penis, parecendo pus ou manteiga? Do que se trata? Precisa tirar?

Essas “massinhas” brancas na face interna do prepúcio das crianças que não conseguem retrair a pele do penis são comuns e são oriundas da própria lubrificação do penis. Não causam infecção e não é necessário “expremer” o penis para elas saírem.

6) Dizem que uma infecção por falta de higiene, que não for tratada pode levar a câncer ou até amputação do pênis, isso é verdade ou mito?

Há duvidas na literatura mundial se a infecção pelo vírus HPV aumenta a chance de câncer de penis. Recomenda-se, no entanto, manter bons hábitos de higiene e de comportamento sexual, para diminuir a transmissão desse vírus e impedir as fissuras na pele que facilitam a penetração do agente. As fissuras são mais comuns nos genitais mau higienizados. Também há trabalhos que sugerem que a circuncisão (retirada cirúrgica da pele que cobre a ponta do penis) previne o câncer de penis, por proporcionar uma melhor higiene e dificultar a adesão de germes.

7) Depois de uma relação sexual, o pênis tem que ser lavado corretamente como no banho, ou só “bater uma água” já serve?

È importante limpar o penis após a relação sexual, para tirar o excesso de secreções. Há homens que possuem também alergia ao lubrificante da camisinha, sendo adequado a limpeza para retirada do mesmo. O hábito de urinar após a relação é recomendado, pois a urina “lava” a uretra, impedindo que as bactérias cheguem até a bexiga. Isso é primordial em mulheres, que possuem a uretra mais curta.

Dr. Rafael Correia

Meu filho ainda faz xixi na cama


        A enurese noturna é muito comum em consultórios de Cirurgia Pediátrica. É fator de considerável ansiedade dos pais e da família. Proporciona um estresse emocional na criança interferindo em seu convívio social, a impedindo de dormir na casa dos colegas ou participar de acampamentos e excursões. 


        Os pais, compreensivelmente angustiados e, por vezes, até irritados com um problema que não conseguem resolver, podem acabar culpando a criança por não controlar sua urina e recorrem frequentemente a terapias psicológicas e outras formas desesperadas de alcançar a solução.


        A verdade é que a criança não tem culpa da situação. Seu problema é orgânico, físico e não psicológico. Ela realmente não tem controle sobre a perda de urina durante a noite e necessita de tratamento especializado.
Não há uma idade definida em que a criança deve estar totalmente continente. Estima-se que 6 a 10% de todas as meninos e meninas que chegam aos 7 anos de idade ainda perdem urina durante o sono. Há predisposição genética. Metade dos pacientes possuem outro membro da família com o mesmo problema – irmãos, pai ou mãe.

       Embora a maioria terá cura espontânea até os 20 anos, o tratamento evita constrangimentos e limitação ao convívio social em uma fase em que a criança começa a interagir com o mundo e experimenta a ansiedade da aceitação social.

       Antes de instituir o tratamento, é importante encorajar a criança a participar da responsabilidade na resolução do problema. Esta responsabilidade é dirigida à ação de ajudar a lavar e trocar os lençóis da cama. O uso de fraldas não deve ser estimulado. Um sistema de reforço positivo pode ser empregado, com a colocação de etiquetas em um calendário, para seguir a melhora e encorajar a criança. É recomendado aumentar a ingestão de líquidos durante o dia e interromper entre 3 a 4 hs antes do sono.Acordar a criança a noite para urinar é uma atitude frequentemente utilizada pelos pais, mas não parece ajudar na resolução do problema.

        A Sociedade Internacional de Incontinência em Crianças (ICCS – International Continency Childreen
Society), definiu em março deste ano, como primeira linha de tratamento para enurese monossintomática o uso do alarme ou DDAVP, dependendo da característica do distúrbio. O primeiro consiste em um dispositivo com um sensor adesivo que é colocado na roupa íntima da criança e, quando começa a ficar úmida, é tocada uma buzina. Isso vai condicionando o sono, para que ele não fique muito profundo, até que o alarme não seja mais necessário. O DDAVP é um tratamento medicamentoso para crianças com maior volume de urina a noite. Há também outros tratamentos para pacientes que não respondem aos anteriores.



       A mensagem final para os pais que estão enfrentando esta situação é que a criança realmente não tem culpa do distúrbio, pois a perda de urina é totalmente involuntária. Os fatores psicológicos podem ser conseqüências, mas não causa do problema. Todos os pacientes podem ser curados em alguns meses. Esperar passar a idade na espera de resolução espontânea pode acarretar ansiedade nos pais e problemas sociais na criança.